Milhares de manifestantes voltaram às ruas da Geórgia neste domingo (1º) pelo quarto dia consecutivo, em reação à decisão do governo de interromper as negociações de adesão à União Europeia por quatro anos. Em Tbilisi, capital do país, os protestos foram marcados por confrontos com a polícia, que respondeu com gás lacrimogêneo e canhões de água. Em outras cidades, como Poti, manifestantes bloquearam a estrada que dá acesso ao principal porto comercial no Mar Negro.
Nas redes sociais, ativistas georgianos denunciam o que chamam de “russificação” do país. Uma internauta sintetizou o sentimento geral: “A Geórgia não é a Rússia e nunca será. Queremos fazer parte da União Europeia, e o governo atual não nos representa.” Os protestos refletem o desejo de liberdade e integração europeia, enquanto a tensão política se intensifica.
A mobilização ocorre em meio a um aumento das disputas entre o partido governista Sonho Georgiano, acusado de adotar posturas autoritárias e pró-Rússia, e a oposição, que defende maior alinhamento com o Ocidente. A suspensão das negociações com a UE aprofundou as críticas ao governo, acusado de bloquear as aspirações pró-europeias da população georgiana.
A situação tem repercussão internacional. União Europeia e Estados Unidos consideram a decisão como um distanciamento da Geórgia de seu caminho pró-Ocidente e um possível retorno à esfera de influência russa. Dmitry Medvedev, ex-presidente da Rússia, comentou que o país está “seguindo o caminho ucraniano” e alertou para possíveis consequências de uma revolução.
O governo georgiano rejeita as críticas. O primeiro-ministro Irakli Kobakhidze defendeu a atuação da polícia e justificou a suspensão das negociações com a União Europeia como uma medida para proteger a soberania nacional contra influências externas. Já a oposição argumenta que o governo não representa a vontade popular e acusa o Sonho Georgiano de trair os ideais democráticos da sociedade georgiana.