A Suprema Corte da Argentina determinou que a ex-presidente Cristina Kirchner será julgada sob a acusação de encobrir iranianos envolvidos no atentado à sede da AMIA, uma organização judaica, ocorrido em 1994. O ataque resultou em 85 mortes e mais de 300 feridos. As informações foram divulgadas pelo jornal Clarín.
A acusação foi apresentada em 2015 pelo promotor Alberto Nisman, que alegou que Kirchner negociou a impunidade dos suspeitos por meio de um memorando assinado com o Irã em 2013. Esse acordo, aprovado pelo Congresso argentino, previa a realização dos interrogatórios fora do território argentino. A Justiça também investiga possíveis negociações paralelas para proteger os acusados.
O caso chamou a atenção mundial após a morte de Nisman em 2015, ocorrida poucos dias antes de ele apresentar novas evidências contra Kirchner ao Congresso. Nisman foi encontrado morto com um tiro na cabeça, e a causa de sua morte permanece sem esclarecimento, gerando comoção e desconfiança na sociedade argentina.
Além de Cristina Kirchner, outros oito aliados políticos também serão levados a julgamento, incluindo o ex-ministro das Relações Exteriores Héctor Timerman, que faleceu em 2018. A defesa da ex-presidente argumenta que a Justiça não tem competência para julgar um acordo internacional, mas a Suprema Corte rejeitou esse recurso.
A data do julgamento ainda não foi definida. A decisão surge em um momento de debates sobre o papel do Irã no ataque. Em abril, a Justiça argentina confirmou que Teerã foi responsável pelos atentados à AMIA e à embaixada de Israel em 1992, um veredito considerado histórico pela comunidade judaica no país.