Nos tempos antigos da Grécia, havia a tradição de fazer jejum intermitente como um meio de limpeza antes de rituais importantes, algo que ganhou popularidade nos últimos tempos, não só para perder peso, mas também para beneficiar o metabolismo, aumentando a sensibilidade à insulina e favorecendo a queima de gordura.
Entretanto, a certeza quanto à eficácia do jejum intermitente em contraposição a métodos convencionais de emagrecimento permanece indefinida. Uma pesquisa recente conduzida pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) aponta potenciais ameaças vinculadas a essa ação, como a intensificação da ânsia por comidas calóricas e a probabilidade aumentada de descontrole alimentar.
Como o jejum intermitente influencia nos episódios de comer compulsivamente?
Uma pesquisa realizada pela Universidade de São Paulo, e divulgada no Journal of the National Medical Association, analisou os hábitos de 458 universitários em relação ao jejum. Dentre esses participantes, foi observado que 89 tinham o costume de jejuar, sendo que 32 deles manifestaram sinais de compulsão alimentar. Os achados do estudo revelaram que a duração do jejum estava diretamente relacionada a comportamentos compulsivos com a alimentação, sobretudo se comparada àqueles que não adotavam essa prática.
Conforme um estudo recente, foi identificado que indivíduos que têm episódios moderados de compulsão alimentar passam 29% a mais de horas em jejum em comparação com aqueles que não têm compulsão. Já para os que sofrem com compulsão em nível severo, essa diferença chega a incríveis 140%. Estes resultados destacam a necessidade de considerar as dimensões emocionais e comportamentais ao decidir quais estratégias adotar em relação à alimentação.
Qual é a dinâmica por trás do método de jejum intermitente?
Diversas maneiras existem para praticar o jejum intermitente. Uma das modalidades apreciadas é o jejum 16/8, com um período de 16 horas sem ingestão de alimentos e uma janela de alimentação de oito horas. Outros preferem jejuar por 20 horas, com alimentação restrita a quatro horas, ou até mesmo passar 24 horas sem comer uma ou duas vezes na semana. Essa liberdade de escolha possibilita que as pessoas determinem o momento que mais se adéqua às suas rotinas diárias.
Apesar de ser relatado por alguns o bem-estar proporcionado pela prática, muitas vezes surgem dificuldades no decorrer do tempo. A adoção de restrições na alimentação pode provocar uma reação de compensação posterior com comidas mais calóricas, levando, em muitos casos, à retomada do peso eliminado.
Será que o jejum intermitente é uma prática segura para todos?
Cada indivíduo deve considerar se o jejum intermitente é apropriado, e é aconselhável buscar aconselhamento especializado antes de iniciar. Especialistas alertam que combater a obesidade exige acompanhamento constante, sendo a moderação na alimentação a estratégia mais indicada para emagrecimento saudável a longo prazo. Aqueles que optam por abordagens extremas correm o risco de apresentar sintomas como ansiedade, solidão e obsessão pelo peso corporal.
Antes de embarcar na jornada do jejum intermitente ou de adotar qualquer dieta restritiva, é imprescindível buscar orientação de especialistas da área da saúde. Esse passo é particularmente crucial para pessoas que manifestam propensão a distúrbios alimentares.
Considerações derradeiras acerca da prática do jejum intermitente.
Existem vantagens imediatas para certas pessoas que adotam o jejum intermitente, todavia não se pode negligenciar os perigos envolvidos. Pesquisas recentes mostram como os aspectos psicológicos e comportamentais são influenciados por essa prática. Por isso, é aconselhável ter cuidado e acompanhamento médico ao considerar incorporar o jejum em sua rotina. A melhor maneira de preservar o bem-estar tanto físico quanto mental continua sendo adotar uma abordagem individualizada e sensata.
