Em 2019, as primeiras medidas para incluir a insulina de ação prolongada no âmbito do Sistema Único de Saúde foram iniciadas. Essa lenta mudança teve início com a autorização da Comissão Nacional de Avaliação de Tecnologias, por meio da qual ficou decidido que tal insulina poderia ser utilizada no tratamento do diabetes tipo 1. O critério essencial para esta inclusão era que o valor desse novo tratamento fosse equivalente ou inferior ao da insulina NPH, já em uso nos serviços de saúde públicos.
Há pouco tempo, o Ministério da Saúde divulgou que a entrega dessa insulina pelo SUS está prevista para iniciar em fevereiro de 2025, depois de resolver problemas de logística e compra. A obtenção do remédio teve desafios no início, porém, com um novo acordo em vigor, a empresa Biomm, fabricante do Glargilin, foi selecionada para suprir os pacientes com insulina.
Quais vantagens podem ser obtidas com o uso das insulinas de longa duração?
No mercado nacional, é possível encontrar insulinas de longa duração, como a glargina e a degludeca. Esses medicamentos conseguem liberar a substância de forma contínua ao longo do dia e da noite, replicando o desempenho do pâncreas de maneira mais eficiente. Assim, os níveis de açúcar no sangue são mantidos de forma mais uniforme e as chances de hipoglicemia são reduzidas, principalmente durante a noite.
Segundo o especialista em endocrinologia, Dr. Clayton Macedo, as insulinas de longa duração têm a vantagem de serem mais previsíveis e estáveis quando comparadas às insulinas de ação intermediária, como a NPH. Enquanto a insulina NPH precisa ser administrada uma a duas vezes por dia, as insulinas prolongadas garantem uma menor probabilidade de queda nos níveis de açúcar no sangue, mesmo se a alimentação não for a ideal.
Qual é o mecanismo de ação da insulina de longa duração e da insulina de ação rápida?
Na terapia com insulina, existem principalmente dois tipos distintos desse hormônio: a insulina de base e a insulina de pico, as quais desempenham papéis que se complementam. A insulina de base tem a tarefa de manter o nível de açúcar controlado entre as refeições, ao passo que a insulina de pico é aplicada antes de comer para lidar com a elevação rápida do açúcar provocada pela alimentação.
Segundo Mônica Lenzi, profissional da área farmacêutica com foco em diabetes, a insulina desempenha um papel vital no cuidado de pessoas que sofrem com diabetes do tipo 1. Isso ocorre porque esses pacientes possuem deficiência na produção ou produzem quantidades insuficientes de insulina. Embora o diabetes tipo 2 costume ser gerenciado por métodos diferentes, a aplicação de insulina se faz imprescindível em situações particulares.
Como está a disponibilidade de insulina no Brasil atualmente?
A partir do ano de 2024, começaram a surgir notícias sobre a escassez de insulina no Brasil, devido à escassez de materiais necessários para a fabricação do remédio em escala mundial. Apesar disso, o Ministério da Saúde garante que a oferta de insulina no país está normal, declarando que os estoques das insulinas humanas NPH e regular estão em situação regular, com capacidade para suprir a demanda até o começo do ano de 2025.
Com o intuito de enfrentar tal realidade, a Biomm está ampliando sua capacidade de fabricação, enquanto o Ministério da Saúde encoraja os pacientes a buscarem os postos de saúde locais para conseguir os remédios de que precisam. Nessa conjuntura, o plano de Saúde Pública recebe respaldo de esforços como os da Umane, que buscam fomentar o bem-estar e assegurar a disponibilidade de fármacos fundamentais.