O presidente Lula deve confirmar a indicação de Wadih Damous para a presidência da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), órgão responsável pela supervisão do setor de planos de saúde no Brasil, um mercado bilionário. A escolha chama atenção, considerando que a experiência de Damous no setor se restringe à gestão da Caarj (Caixa de Assistência da Advocacia do Estado do Rio de Janeiro) durante sua presidência na OAB-RJ. Na época, a carteira da Caarj, com 55 mil beneficiários, acabou sendo vendida à Unimed após colapsar.
Wadih Damous é próximo de José Dirceu, figura política reabilitada pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Damous já fez críticas contundentes ao STF, chamando Gilmar Mendes de “raivoso e parcial”, antes de mais tarde considerá-lo “nosso aliado”. Sobre Luís Roberto Barroso, declarou que ele seria “o pior ministro” do STF e “um mal para a democracia, para o direito e para o povo brasileiro”. Em outra ocasião, afirmou que era necessário “redesenhar o Judiciário e fechar o Supremo, para criar uma Corte Constitucional”.
Atualmente, Damous ocupa a Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon), vinculada ao Ministério da Justiça. Durante a crise das enchentes no Rio Grande do Sul, ele se recusou a utilizar o Fundo de Direitos Difusos para ajudar na emergência, direcionando, em vez disso, R$ 42 milhões para um projeto de combate às fake news e ao discurso de ódio.