Na madrugada deste domingo (8), combatentes rebeldes islâmicos do grupo Hayat Tahrir al-Sham (HTS) assumiram o controle de Damasco e anunciaram o fim do regime de Bashar al-Assad, o ditador sírio que estava no poder desde 2000. Antes dele, seu pai, Hafez al-Assad, governava desde 1971, após um golpe militar. Desde a Primavera Árabe de 2011, o governo de Assad enfrentava desgaste interno, reagindo às demandas por reformas com repressão severa — incluindo denúncias de uso de armas químicas e torturas generalizadas contra civis.
Bashar al-Assad conseguiu manter-se no poder graças ao apoio da Rússia, do Irã e do Hezbollah. No entanto, esse cenário mudou drasticamente devido à concentração da Rússia na guerra contra a Ucrânia, e às mortes recentes do presidente iraniano Ebrahim Raisi, do líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, e de Ismail Haniyeh, chefe do Hamas.
Com o enfraquecimento do regime, a milícia HTS, liderada por Abu Mohammad al-Jolani, conquistou as cidades de Alepo, Homs e, por fim, Damasco em menos de duas semanas. “Nosso objetivo é libertar a Síria deste regime opressor”, declarou al-Jolani ao New York Times. Os avanços do grupo ocorreram após ataques israelenses a alvos da Jihad Islâmica na capital síria. A queda de Assad representa um benefício estratégico para o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, por enfraquecer a influência iraniana na região.
Vale destacar que, um ano atrás, Xi Jinping havia oferecido apoio ao regime de Assad na tentativa de romper o isolamento causado por sanções dos EUA e ampliar a presença chinesa no Oriente Médio. Embora China e Rússia sejam aliados estratégicos do Irã, ambos não conseguiram impedir as derrotas sucessivas das forças iranianas e seus aliados em conflitos com Israel. Israel tem aproveitado o apoio atual da Casa Branca para expandir suas operações, antecipando uma possível redução no apoio militar dos Estados Unidos caso Donald Trump retorne à presidência.