Em setembro, o volume de saques líquidos da caderneta de poupança alcançou a impressionante marca de R$ 7,1 bilhões, conforme dados do Banco Central. Este número representa o terceiro mês consecutivo de retiradas significativas e sugere uma tendência, que pode estar sendo impulsionada por três fatores: medo de confisco, aumento do custo de vida e busca por melhores investimento. No acumulado deste ano, a situação é ainda mais alarmante. Entre janeiro e setembro, a poupança registrou retirada líquida totalizando R$ 11,2 bilhões. O início do ano foi especialmente grave, com janeiro apresentando o maior volume de saques, somando R$ 20,1 bilhões.
A busca por melhores retornos em investimentos é fator importante, já que a rentabilidade da poupança é composta pela taxa referencial (TR) mais uma remuneração fixa de 0,5% ao mês, muito pouco, considerando a taxa Selic a 10,75% ao ano. Outro motivo é a inflação crescente, com consequente aumento do custo de vida, o que pressiona as finanças das famílias, forçando-as a utilizar as economias para cobrir despesas. Há também uma onda de boatos gerados pela decisão do governo de se apropriar dos depósitos de poupadores não resgatados, num contexto de aumento de impostos e outras medidas arrecadatórias para melhorar a situação fiscal.
Impacto no sistema de poupança e empréstimo
O Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) também sofreu um impacto significativo com a tendência de saques. Em setembro, o saldo negativo no SBPE alcançou R$ 6,137 bilhões. Já na poupança rural, os saques líquidos foram de R$ 1,003 bilhão. Estes números indicam que o setor precisa se adaptar às mudanças no comportamento dos poupadores e buscar maneiras de incentivar a manutenção de recursos nessas contas.